Nos últimos tempos – e cada vez mais! -, a Inteligência Artificial (IA) tem se infiltrado em praticamente todas as profissões, gerando em muita gente receios e preocupações sobre a substituição de seres humanos por máquinas. Será? Bem, eu até entendo esse medo, mas sinceramente (ou será que eu deveria dizer “ingenuamente”?), eu acredito quanto mais relacionamento humano está envolvido na atividade profissional, menos esse medo se justifica. Ou deveria. E aí vou falar sobre a profissão que melhor conheço – a minha. Sim, quando se trata da área de Relações Públicas, acredito que não há tanto a temer. Aliás, vejo a IA como uma grande aliada. Pense comigo:

Talvez o relacionamento das organizações com seus públicos estratégicos nunca tenha sido tão crucial quanto hoje. Em meio a tanta animosidade nas redes (‘sociais’?), a comunicação e o relacionamento humanizado se tornam ainda mais essenciais, e o papel do profissional de Relações Públicas dentro das empresas torna-se ainda mais relevante do que nunca. E eu gosto de pensar que a IA não é uma ameaça, mas sim uma ferramenta poderosa que, se for bem utilizada, bem brifada e manuseada, potencializa muito nosso trabalho.

A comunicação como um todo – e a comunicação institucional também – sempre utilizou diversas tecnologias ao longo dos tempos – das mais analógicas às mais avançadas. Sempre fomos ávidos caçadores de utensílios e parafernálias facilitar e apurar nossa comunicação com nossos públicos estratégicos. E a IA é apenas mais uma dessas ferramentas. Ok, é outro mundo. É. Mas ainda ferramentas.

O segredo está em como a utilizamos. Vejamos: a IA pode analisar grandes volumes de dados em segundos, identificar padrões e tendências, e até sugerir estratégias. Mas quem conhece a empresa como ninguém e sabe como ela quer e precisa ser percebida, quem determina a direção, quem interpreta os dados e toma as decisões finais é – precisa ser – o ser humano. Nosso olhar humano é um termômetro natural e indispensável para entender a organização, saber o momento certo, o canal adequado, e a linguagem precisa para alcançar os formadores de opinião certos e, assim, conquistar verdadeiros embaixadores da marca.

Vou dar um exemplo prático. Imagine uma campanha de comunicação para uma ONG que visa aumentar a conscientização sobre a importância da sustentabilidade. A IA pode analisar dados demográficos, comportamentais e de engajamento, ajudando a segmentar o público-alvo de maneira precisa. Pode sugerir os melhores horários para publicar conteúdo, quais tipos de posts têm mais engajamento, e até monitorar em tempo real a repercussão da campanha. Mas o tom da mensagem, a empatia transmitida, o storytelling envolvente – isso é algo que só um profissional humano, bem preparado, com a formação certa e com vivência naquele ambiente, pode criar.

Outro exemplo vem do setor corporativo. Uma grande empresa de tecnologia pode usar IA para monitorar a reputação online, detectar crises em potencial e analisar sentimentos nas redes sociais. No entanto, a resposta a uma crise, a gestão do relacionamento com a mídia, e a comunicação com os stakeholders são tarefas que exigem sensibilidade, experiência e um toque humano. A IA pode ser a nossa parceira, mas não pode nos substituir.

Além disso, se não soubermos brifar a IA corretamente, se não tivermos repertório para alimentá-la com dados relevantes e, principalmente, se não soubermos filtrar e modelar o produto final, o resultado será material massificado, sem identidade. Para isso, realmente, não precisamos de um profissional. E ok se for isso que satisfaz sua empresa. Não julgo.

Porém, ao invés de ver a IA como uma ameaça, prefiro realmente encará-la como uma aliada que pode tornar meu trabalho mais eficiente e rápido. Ela nos permite focar naquilo que realmente importa: criar e manter relacionamentos genuínos, nos comunicar de forma eficaz e humanizada, e engajar nossos públicos estratégicos.

Imagine um futuro onde inteligência humana e inteligência artificial trabalhem juntas para construir empresas cada vez mais inclusivas e socialmente engajadas. Um futuro onde podemos aproveitar o melhor de ambos os mundos: a eficiência e precisão da tecnologia, combinadas com a sensibilidade e criatividade humanas. Sim, isso pode existir e é o futuro que devemos buscar. Só depende de quem? De nós, humanos. Do que escolhermos fazer com a IA. De escolhermos a criatividade frente a tentação da comodidade.

Meu convite é para que continuemos a utilizar todas as ferramentas ao nosso dispor, incluindo a IA, para fazer o que fazemos de melhor: conectar pessoas, construir reputações sólidas e promover um mundo mais justo e sustentável. Afinal, a tecnologia pode ser avançada, mas virá depois do ou da humana que a projetou.

Até o próximo desafio!

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