É, caro leitor, cara leitora. Estamos chegando ao final de mais um ano juntos aqui nessa coluna – 2024, um ano marcado por transformações, desafios e oportunidades que impactaram diretamente a forma como as empresas se comunicam com seus públicos chega ao fim. E, ao olhar para trás, é impossível não identificar tendências e lições que moldaram o cenário da comunicação corporativa.
Seja você dono de um pequeno negócio ou gestor de uma grande empresa, as lições deste ano deixam claro que a comunicação não é apenas um meio de transmitir informações. É, sobretudo, uma ponte estratégica para fortalecer marcas, engajar pessoas e construir confiança. Isso muda tudo no jogo do relacionamento com seus públicos estratégicos também. Lembra-se? Já falamos sobre eles aqui em outros artigos: aqueles grupos que formam opinião sobre a sua marca, que te elevam à posição de referência em seu segmento ou te achatam como mais um na multidão. Vamos rever algumas dessas lições?
1. Transparência e autenticidade não são opcionais
Neste ano, a transparência tornou-se mais que um diferencial – é uma exigência. Um exemplo marcante foi a repercussão envolvida na crise de segurança de dados da rede social X (antigo Twitter). Após diversas mudanças de política e falhas de comunicação por parte da empresa, o descontentamento dos usuários não demorou a crescer. A falta de clareza nos posicionamentos e o aparente descaso com questões de privacidade impactaram os níveis de segurança da plataforma.
Lição: Seja no anúncio de mudanças ou na gestão de crises, as empresas precisam demonstrar verdade e empatia. Admitir erros e comunicar os passos para corrigi-los são estratégias fundamentais para resgatar a confiança do público.
2. A Inteligência Artificial veio para ficar – e colaborar
A explosão do uso da IA generativa, como o ChatGPT, trouxe benefícios e desafios. Grandes empresas de comunicação, como a Globo, anunciaram o uso de IA para otimizar processos de produção de conteúdo e até apoiar equipes jornalísticas. Contudo, a transparência no uso dessa tecnologia foi crucial para evitar polêmicas e resistências.
Lição: A adoção da IA deve ser comunicada de forma clara e transparente, destacando como ela agrega valor sem comprometer a essência humana. Empresas que apresentam IA como recurso para potencializar talentos, e não como substituto para as pessoas, fortalecem a confiança do público enquanto aproveitam os avanços da inovação. Além disso, preparar colaboradores para integrar essa tecnologia ao trabalho diário é essencial para garantir uma aplicação estratégica e ética.
3. ESG Como pilar estratégico de comunicação
Um exemplo claro foi o caso da Nestlé, que lançou um projeto ambicioso global de sustentabilidade, investindo na redução de resíduos plásticos e na economia circular. A empresa realizou campanhas para compartilhar resultados concretos, como aumentar o uso de embalagens recicláveis e os impactos positivos gerados em comunidades locais. Um exemplo foi o anúncio feito pela Nestlé Purina de que, até o final de 2024, as embalagens de alimentos secos para animais de estimação das marcas Bonzo, Dog Chow, Kanina e Cat Chow serão produzidas com material reciclado e certificado pelo ISCC, reforçando o compromisso da marca com a sustentabilidade. A estratégia reforçou o compromisso da marca com questões ambientais e sociais, conquistando alternativas. Por outro lado, manter essa confiança sobre a marca também exige transparência nos fracassos, como fez também a empresa ao enfrentar desafios para cumprir metas ambiciosas. Neste mesmo ano que se encerra, a Nestlé ajustou a sua meta de tornar todas as embalagens 100% reutilizáveis ou recicláveis até 2025, citando barreiras de infraestrutura que tornam esse objetivo irrealista no prazo previsto.
Lição: Empresas que demonstram ações tangíveis em ESG – e comunicam seus resultados de forma transparente – diferenciam-se no mercado e criam conexões mais profundas com seus públicos.
4. Colaboração é o novo diferencial competitivo
Um destaque este ano foi a parceria entre a Fiocruz e grandes empresas farmacêuticas para acelerar o desenvolvimento de vacinas e ampliar sua distribuição nas regiões carentes do Brasil. Essa colaboração gerou resultados positivos na saúde pública e fortaleceu a imagem das instituições envolvidas como agentes de transformação social.
Lição: A comunicação deve destacar como essas parcerias geram valor para a sociedade, mostrando que negócios colaborativos criam soluções inovadoras e agregam impacto positivo.
5. Comunicação Interna: o pilar de uma cultura sólida
O exemplo da Magazine Luiza, com suas práticas de valorização de colaboradores, é um caso de destaque. Em 2024, a empresa reforçou campanhas internacionais para inclusão e diversidade, engajando a equipe em iniciativas que fortaleceram o senso de pertencimento. Isso não apenas resultou em um ambiente de trabalho mais positivo, mas também aumentou a percepção externa de responsabilidade social da marca.
Lição: A comunicação interna é o motor que alinha equipes aos valores organizacionais. Como costumo dizer, “a publicidade promete, mas são as pessoas dentro da empresa que entregam”. Portanto, funcionários engajados tornam-se os maiores embaixadores de uma empresa, e o canal direto de transmissão de uma reputação positiva da empresa para além dos seus muros.
Por fim, com essas provocações à sua reflexão e com o coração cheio de gratidão pela sua companhia neste ano, deixo aqui meu abraço e o convite para voltarmos a nos encontrar nesta coluna em 2025. Boas festas!
Profissional de Relações Públicas pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação organizacional pela ECA-USP, é também jornalista, empresária, palestrante e consultora de empresas com mais de 20 anos de experiência em comunicação interna e relacionamento com a imprensa. Professora universitária por 16 anos nos cursos de Comunicação, Marketing, Administração e Recursos Humanos nas instituições UniFaat, Fecap, Uniso e PUCCampinas.