Estudos apontam que lideranças abusivas e ambientes de trabalho mecanizados geram desmotivação, impactam a saúde mental e elevam taxas de rotatividade nas empresas

A cultura organizacional tem um papel fundamental no engajamento e no bem-estar dos colaboradores. No entanto, pesquisas indicam que a liderança tóxica e a desumanização do ambiente de trabalho continuam sendo desafios significativos. Estudo da Talenses Group revelou que 87% dos profissionais já conviveram com uma liderança abusiva, enquanto levantamento da FM2S Educação e Consultoria alerta que tratar colaboradores como máquinas gera desmotivação e perda de talentos.

Liderança tóxica e seus impactos

A pesquisa “Lideranças Tóxicas e os impactos na Cultura Organizacional, Clima e Carreira Profissional” aponta que abuso de poder, manipulação emocional e comunicação violenta são os principais traços de gestores problemáticos. Comportamentos como falta de reconhecimento, excesso de controle e assédio moral também foram mencionados.

Segundo o estudo, 62% dos entrevistados pediram demissão por causa de chefes abusivos. Entre os principais impactos desse tipo de liderança estão piora da saúde mental, baixa autoestima, desmotivação e queda na confiança dentro do ambiente corporativo.

“Mesmo em organizações que buscam altos padrões de desempenho e excelência, é importante reconhecer que a perfeição é inatingível e que os líderes também são humanos, com falhas e imperfeições. Organizações que não estão neste estágio de consciência vão perder funcionários engajados e não vão sobreviver a longo prazo”, destaca Patrícia Ansarah, CEO do Instituto Internacional de Segurança Psicológica (IISP).

A especialista aponta que a cultura do medo e da hierarquização das relações prejudica o trabalho colaborativo e perpetua um ciclo de violência silenciosa nas empresas. Para reverter esse quadro, Patrícia defende ações concretas que ajudem os líderes a se tornarem embaixadores da segurança psicológica, como estimular a autenticidade, promover a cultura de aprendizado e valorizar a colaboração entre equipes.

Desumanização do ambiente de trabalho

A tecnologia e a busca incessante por produtividade têm transformado a forma como empresas operam, mas, em muitos casos, esse avanço tem levado à mecanização das relações de trabalho. Segundo Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria, um dos principais sinais de que uma empresa trata seus colaboradores como meras engrenagens é a falta de espaço para diálogo e reconhecimento.

“Se as conversas na equipe se resumem apenas a metas e resultados, os profissionais começam a sentir que não são mais vistos como pessoas, mas como operadores de uma máquina que só precisa produzir. Isso gera um ambiente frio e distante, onde a motivação e a criatividade desaparecem”, alerta Virgilio.

Outros sinais preocupantes incluem ignorar sinais de cansaço e sobrecarga, punir erros em vez de encará-los como aprendizado e não abrir espaço para opiniões. A longo prazo, essa abordagem leva ao aumento do turnover, perda de talentos e deterioração da cultura organizacional.

Criando ambientes de trabalho mais saudáveis

Especialistas apontam que a solução para esses desafios passa pela humanização da gestão. Algumas práticas recomendadas incluem:

  • Escuta ativa e empatia: incentivar diálogos sinceros e demonstrar interesse genuíno pelo bem-estar dos colaboradores.
  • Cultura de aprendizado: valorizar tentativas e reconhecer o erro como parte do crescimento profissional.
  • Reconhecimento e valorização: pequenas demonstrações de apreço pelo trabalho dos funcionários podem aumentar significativamente o engajamento.
  • Gestão colaborativa: permitir que os colaboradores participem das decisões fortalece o senso de pertencimento e propósito.

“Promover ambientes onde todos se sintam seguros para falar sem julgamento, valorizados por suas contribuições e responsáveis pelo aprendizado contínuo é essencial para uma cultura organizacional saudável e sustentável”, conclui Patrícia Ansarah.

Ao adotar essas práticas, as empresas não apenas reduzem os impactos negativos da liderança tóxica e da desumanização, mas também fortalecem a produtividade e a retenção de talentos.

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