Pois é, caro leitor, cara leitora. Chegamos ao fim de 2025 e, se tem algo que o ano confirmou, é que reputação não se improvisa. Ela nasce de escolhas repetidas, de uma narrativa que se sustenta no tempo e de uma disciplina que não se vê, mas se sente nos resultados. Ao longo das nossas conversas nesse ano, na voz dos meus despretensiosos artigos, busquei provocar você a pensar em posicionamento, consistência de mensagem, relacionamento com públicos estratégicos, preparo para lidar com a imprensa, experiência do cliente, gestão de crises e presença digital com propósito. Agora, a proposta é transformar tudo isso em um checklist honesto, daqueles que ajudam a separar o que foi feito, o que ficou pelo caminho e o que precisa entrar com força no planejamento de 2026.
A ideia é simples: para cada ponto abaixo, marque mentalmente se você fez bem, se fez pela metade, se não fez, ou se não se aplica. Em seguida, anote um aprendizado e uma decisão prática para o próximo ano. Isso vai fazer com que seu balanço deixe de ser apenas uma lista de intenções e vire roteiro de fato – prático, factível e totalmente aplicável.
Então, vamos juntos:
• Posicionamento e mensagem central
— Sua marca sustentou, o ano todo, uma ideia-força clara, simples e repetível?
— Seus públicos conseguiriam resumir em uma frase o que você faz e por que importa?
— O que, na prática, reforçou esse posicionamento (cases, depoimentos, certificações, prêmios)?
• Mapa de públicos e prioridades
— Você identificou e trabalhou os públicos-chave (clientes, imprensa, parceiros, comunidade, talentos)?
— Houve prioridades claras por trimestre, com ações específicas para cada stakeholder?
*Aqui, aproveite para se perguntar: “Quem ficou sem atenção este ano e por quê?”
• Narrativa e conteúdo que constroem autoridade
— Você publicou com cadência e propósito, conectando conteúdo a objetivos de negócio?
— Conseguiu transformar bastidores, dados e aprendizados em conteúdo útil?
— O que performou melhor e o que não vale repetir??
• Presença digital com consistência
— Houve coerência entre site, redes e materiais comerciais (visual, tom, promessas)?
— Pilares editoriais estavam definidos e foram respeitados?
— Sua “prova social” foi trabalhada (cases, NPS*, avaliações, mídia conquistada)?
(*NPS, ou Net Promoter Score, é um índice que mede a satisfação e a lealdade de clientes a uma empresa por meio de uma única pergunta: “Em uma escala de 0 a 10, quão provável é que você recomende nossa empresa a um amigo ou colega?”).
• Relações com a imprensa
— Você mapeou veículos e jornalistas relevantes e cultivou relacionamento ao longo do ano?
— Enviou pautas alinhadas ao interesse público e não só a anúncios?
— Que matérias, colunas ou menções ajudaram a consolidar sua reputação?
• Preparo de porta-voz
— Treinou mensagens-chave, dominou dados e se preparou para perguntas difíceis?
— Evitou jargões e falou de forma clara e humana?
— Fez media training ou simulações antes de entrevistas e apresentações?
• Eventos e feiras com objetivo
— Participou de eventos com metas claras (leads qualificados, reuniões, imprensa, parcerias)?
— Mediu retorno com critérios simples (custo por lead, novas oportunidades, cobertura)?
*Autoprovocação: O que você faria diferente na próxima participação?
• Parcerias e coautorias
— Construiu alianças estratégicas que deram alcance e credibilidade?
— Produziu conteúdo em coautoria ou ações conjuntas com parceiros complementares?
— Que parceria deve virar prioridade em 2026?
• Comunidade e responsabilidade
— Houve conexão genuína com a comunidade local ou setorial?
— Projetos sociais, educacionais ou ambientais foram integrados à narrativa da marca?
*Autoprovocação: Que impacto foi mensurado e comunicado?
• Experiência do cliente e reputação
— Escutou ativamente, tratou feedback com velocidade e fechou o ciclo com os clientes?
— Transformou boas experiências em histórias contáveis?
*Autoprovocação: Onde ainda há atrito e como reduzir?
• Gestão de riscos e crises
— Você mapeou riscos reputacionais e tinha planos simples de resposta?
— Treinou a equipe para monitorar sinais fracos e atuar cedo?
— Passou por algum incidente? O que aprendeu e documentou?
• Mensuração e aprendizado
— Definiu indicadores de reputação e negócio (share of voice, alcance qualificado, leads, conversão)?
— Fez debriefs trimestrais e ajustou a rota com base em dados?
*Autoprovocação: Qual métrica mais te ajudou a decidir e qual foi ruído?
• Governança e disciplina
— Existiu um calendário editorial e de marcos reputacionais claros?
— Havia responsáveis, prazos, orçamento e rituais de acompanhamento?
— Onde a execução falhou por falta de dono, tempo ou método?
Se ao percorrer essa lista você encontrou áreas com “fiz pela metade” ou “não fiz”, não desanime nem se culpe, pois é justamente aí que mora a oportunidade. O próximo passo é transformar cada lacuna em uma decisão prática. E, para entrar em 2026 com foco, vale um plano enxuto que cabe em uma página.
Lição para as férias:
— Escolha três prioridades reputacionais para o ano, não dez.
— Defina objetivos mensuráveis para cada uma (o que muda em 90 e 180 dias).
— Liste os públicos-chave por prioridade e a mensagem que cada um precisa ouvir, com evidências.
— Selecione táticas e canais com cadência realista: menos coisas, feitas com mais qualidade.
— Nomeie responsáveis, reserve orçamento e combine rituais (quinzenais ou mensais) de acompanhamento.
— Estabeleça indicadores simples e sinais de alerta.
— Projete riscos e respostas rápidas. Um parágrafo por risco já ajuda.
Minha dica, para começar a aquecer as turbinas, é você começar agora mesmo com um exercício de dez minutos: escolha uma prioridade, escreva sua mensagem-chave, pense em duas evidências que provam o que você diz e defina a primeira ação dos próximos sete dias. Depois, agende a revisão em trinta dias. É impressionante o que a consistência faz em doze semanas.
Fechar 2025 com esse balanço é mais do que um rito de passagem; é um compromisso com o que você quer que sua marca, o seu negócio, represente quando você não estiver na sala para explicar.
Reputação é consequência do que se faz repetidamente, com intenção e transparência. Que 2026 nos encontre mais claros no que defendemos, mais disciplinados na execução e mais generosos em compartilhar aprendizados. O checklist está aí para ancorar suas decisões. Já o movimento, como sempre, depende de você. Boas festas!

Profissional de Relações Públicas pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação organizacional pela ECA-USP, é também jornalista, empresária, palestrante e consultora de empresas com mais de 20 anos de experiência em comunicação interna e relacionamento com a imprensa. Professora universitária por 16 anos nos cursos de Comunicação, Marketing, Administração e Recursos Humanos nas instituições UniFaat, Fecap, Uniso e PUCCampinas.

