Estudo do LinkedIn revela que a sobrecarga afeta 9 em cada 10 trabalhadores no Brasil, impactando a saúde mental e a produtividade no ambiente corporativo
A sobrecarga de trabalho é uma realidade para a maioria dos profissionais brasileiros. Segundo uma pesquisa divulgada pelo LinkedIn, 90% dos trabalhadores no país afirmam sentir-se sobrecarregados em suas atividades diárias. O levantamento, que entrevistou profissionais de diferentes setores, também aponta que 87% enfrentam pressão constante no ambiente corporativo, comprometendo tanto a saúde mental quanto o desempenho das equipes.
Entre os fatores mais citados pelos entrevistados estão o aumento no volume de tarefas, prazos curtos e a falta de suporte adequado. A transformação digital, acelerada nos últimos anos, também contribuiu para esse cenário, já que muitos profissionais enfrentam dificuldades em desconectar-se do trabalho devido à constante conectividade.
“A sobrecarga é consequência de práticas que priorizam metas excessivas e ignoram a capacidade humana de absorver e processar demandas. Essa pressão contínua não só prejudica o colaborador, mas também gera impactos negativos nos resultados da empresa”, analisa André Minucci, mentor de empresários e especialista em mentoria empresarial.
Impactos da sobrecarga
Os efeitos do excesso de trabalho vão além do desgaste físico e mental. Segundo Minucci, a sobrecarga aumenta os índices de doenças ocupacionais, como a síndrome de burnout, que foi reconhecida como problema de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A nova geração de profissionais busca equilíbrio e propósito no trabalho. Negligenciar isso é caminhar para um cenário de alta rotatividade e baixa competitividade no mercado”, alerta o especialista.
Além disso, a pesquisa aponta que a cultura corporativa de associar ocupação à produtividade está ultrapassada. Segundo Minucci, trabalhadores sobrecarregados tendem a cometer mais erros, demonstrar menor criatividade e, a longo prazo, aumentar os índices de turnover nas empresas.
Como lidar com a sobrecarga?
Minucci sugere que as empresas adotem medidas práticas para mitigar os efeitos da sobrecarga e criar ambientes mais saudáveis:
- Definir prioridades claras: Diferenciar o que é urgente do que é importante reduz a ansiedade e organiza as tarefas.
- Treinar lideranças: Capacitar líderes para identificar sinais de sobrecarga e promover a distribuição justa de tarefas.
- Incentivar pausas e descanso: Intervalos regulares durante o expediente e férias respeitadas podem aumentar a produtividade.
- Fomentar uma cultura de feedback: Escutar os colaboradores permite compreender suas dificuldades e implementar soluções efetivas.
Por outro lado, Minucci destaca que os profissionais também têm um papel na busca por equilíbrio. “Aprender a dizer ‘não’ para demandas excessivas, organizar melhor suas agendas e buscar apoio de mentores ou especialistas são medidas individuais que ajudam a lidar com a sobrecarga”, sugere.
Um desafio para o futuro
A pesquisa do LinkedIn evidencia um desafio estrutural para as organizações no Brasil: criar ambientes de trabalho mais saudáveis e alinhados às reais capacidades dos profissionais. Segundo Minucci, enfrentar a sobrecarga requer mudanças nas práticas corporativas e maior atenção à saúde mental.
“Empresas que não priorizam o bem-estar de seus colaboradores terão dificuldades em reter talentos e manter a competitividade no mercado. O equilíbrio entre metas e bem-estar é essencial para construir equipes produtivas e engajadas.”