Reportagem Especial. Por: Elaine Lina. Foto: AgrupaRH

Já consolidado na agenda de RH da região, o Portas Abertas ocorreu no auditório do Senai Bragança Paulista, com visita guiada às instalações e case premiado da Metal Chek; o palestrante Sebastião Perossi surpreendeu com apresentação de ferramenta inovadora para gestão da remuneração

O mês de abril contou com a realização de mais um “Portas Abertas” – evento realizado periodicamente pela Associação Grupo de Recursos Humanos de Atibaia e Região (AgrupaRH). Os eventos têm o propósito de reunir associados e convidados para uma manhã de café da manhã e network, e sempre contam com uma palestra especial e também a apresentação de um case de sucesso de alguma empresa associada.

Gabriela Leite (arquivo JVN)

Tradicionalmente esses encontros acontecem em alguma das empresas associadas, conforme explicou a idealizadora do encontro e atual presidente da entidade, Gabriela Leite, em entrevista concedida ao Papo de Sábado do JVN em julho de 2023 (leia aqui a entrevista completa): “Portas Abertas é um evento periódico no qual uma empresa participante da AGRUPARH abre suas portas para receber os colegas que fazem parte da associação, em um encontro presencial. A cada edição temos um patrocinador, uma palestra com tema pertinente para os RHs e ao final temos sorteios de brindes. Sempre que possível também fazemos um tour pela empresa, para conhecer as instalações. É um momento de networking, troca de ideias e contribuições ricas para o dia a dia“.

Desta vez, porém, o encontro inovou e foi ainda mais especial, pois aconteceu nas instalações de um importante parceiro da associação – o Senai de Bragança Paulista.

Como já é praxe, o evento foi iniciado com a fala da presidente Gabriela Leite, que apresentou os números da instituição – que vêm numa crescente desde 2011 -, o programa do dia e também ressaltou a realização da edição 2024 do Prêmio AgrupaRH. A láurea, que destaca as boas práticas em gestão de pessoas entre as empresas associadas, este ano, pela primeira vez, acontecerá em outubro e não mais em dezembro – mês que costuma ser muito intenso de atividades para os departamentos de RH.

Em seguida, Gabriela passou a palavra ao anfitrião do Portas Abertas do mês – o responsável pelo relacionamento com empresas do Senai Bragança Paulista, Denis Maia Bastos, que apresentou três programas: a Jornada de Descarbonização da Indústria; a Reindustrialização – com foco em cadeias críticas e globais, e a “Jornada de Transformação Digital”. Este último “um programa criado pela FIESP, pelo CIESP, SENAI-SP e Sebrae-SP para atender micro, pequenas e médias indústrias em oito etapas de consultoria e treinamento rumo à Indústria Inteligente. A jornada busca aumentar a competitividade e a produtividade da indústria e atende empresas em diferentes níveis de maturidade digital“, conforte define o site do programa.

Segundo dados divulgados do programa, a Jornada de transformação Digital já atendeu mais de 10 mil indústrias paulistas, com ganhos médios de 35% na produtividade, mas possui capacidade para atender ao todo 40 mil indústrias em 8 etapas de consultoria e treinamento gratuitos. Quando indicados serviços de melhoria, as empresas contam ainda com uma linha de crédito especial da jornada, com taxas abaixo do mercado para compra de produtos e serviços tecnológicos, disponíveis em um cadastro exclusivo de fornecedores. “Temos caso de aumento de produtividade de 600%“, relatou Bastos em sua apresentação no portas Abertas.

Denis Maia Bastos durante apresentação no Portas Abertas de abril (foto: AgrupaRH)

Durante sua fala , Bastos também destacou a importância da governança no composto de ESG para as empresas de qualquer porte. E, neste composto, ressaltou a intrínseca relação entre o RH e a responsabilidade social das empresas, ao afirmar que “na sigla ESG o S é de Social e, desse social, 80% é RH”.

O JVN quis saber mais sobre essa afirmação e sobre o papel do AgrupaRH nessa parceria com o Senai. Bastos então explicou que “o ESG vem com essa questão ambiental, social e de governança – e a parte social do ESG está totalmente voltada, eu diria 80%, para o RH. Então, o Senai de Bragança Paulista está se especializando no atendimento às empresas na área de gestão comportamental. Hoje o Senai tem um trabalho em que ele vai até a empresa quando ela solicita o nosso atendimento. Então realizamos um mapeamento – que não tem custo nenhum para a empresa – e através dele nós identificamos muitas oportunidades de melhoria relacionadas a RH. A partir daí nós iniciamos um atendimento, se for o caso. A gente então emite um relatório com os resultados do que nós encontramos e depois vamos em frente, trazendo resultados com os indicadores, mostrando o resultado do trabalho que realmente impactou a empresa.”

Bastos contou ainda que já mantinha contato com a presidente da AgrupaRH há algum tempo e que esse foi o primeiro evento realizado em parceria. E sobre essa primeira experiência afirmou: “Nossa, foi excepcional. Para nós aqui do Senai foi uma honra, um privilégio poder receber a AgrupaRH e todas as empresas presentes ao evento. Para nós é de extrema importância porque o Senai é a casa da indústria, então a presença de todas essas empresas aqui hoje é de extrema importância para estreitar esse relacionamento Senai-empresa“.

Case premiado Metal Chek

Mais uma vez, o Portas Abertas apresentou um case premiado no Prêmio AgrupaRH. Desta vez, a convidada a apresentar foi a empresa Metal Chek – indústria química no segmento de consumíveis para ensaios não destrutivos pelos métodos de líquido penetrante, partículas magnéticas e detecção de vazamentos, que está no mercado há mais de 40 anos e que está localizada em Bragança Paulista. A empresa – 100% nacional que conta hoje com 40 colaboradores.

A Metal Chek foi a vencedora em 2023 do Prêmio AgrupaRH na categoria “Retenção de Talentos” com seu programa de valorização de colaboradores. A gerente de RH da empresa, Fernanda Gebrael de Moura, iniciou a apresentação contextualizando o cenário de crise político-econômica que o Brasil enfrentou em 2014, em que grandes empresas, como Petrobras e Odebrecht, foram implicadas diretamente pelas investigações da Lava Jato. Toda a cadeia fornecedora dessas grandes empresas acabou por ser gravemente afetada – inclusive a Metal Chek, que não chegou a quebrar, como aconteceu com tantas empresas na época, mas que se viu obrigada a reduzir significativamente o número de funcionários e eliminar ao máximo as despesas, para tentar sobreviver.

Como reflexo desse quadro, a Metal Chek tinha um desafio: restabelecer o clima interno e engajar os colaboradores que ficaram para voltar a crescer. O caminho não foi simples. O RH, conforme palavras da própria Fernanda, “foi reduzido a praticamente um DP (*departamento pessoal), fazendo o básico do básico“. Depois, como continuou relatando, veio a pandemia e, com ela, novos desafios. “A gente até que não sofreu tanto como tínhamos sofrido anteriormente, mas éramos uma indústria funcionando com pouquíssimos funcionários, trabalhando em rodízio, sem saber exatamente como isso funcionaria, mas que não podia parar. E nós seguimos em frente e conseguimos nos manter“.

Beatriz Moreira Franco (de vestido) e Fernanda Gebrael de Moura (blusa branca), da Metal Chek, durante apresentação no Senai. (Foto: Elaine Lina)

Bem, depois da crise econômica, da pandemia e, algum tempo depois, com a perda de uma de suas diretoras para um câncer, Fernanda conta que “o ânimo dentro da Metal Chek estava lá no pé“. Então ela chamou sua parceira no RH, a profissional Beatriz Moreira Franco, e disse “a gente precisa dar um up no pessoal. Veja o que você consegue fazer“. Começava aí o programa de retenção de talentos da empresa – no início, com ações muito simples, pequenas, mas que com o desenvolvimento do programa trouxe resultados muito significativos, como conta Beatriz: “Inicialmente o objetivo era esse mesmo – engajar os funcionários, gerar também comunicação entre os setores mas, acima de tudo, gerar o que nós consideramos muito importante, que é o sentimento de pertencimento.

O que chamou a atenção da comissão avaliadora do prêmio em 2023 e também da plateia presente ao Portas Abertas talvez tenha sido a simplicidade do programa, que em um primeiro momento pode parecer óbvio e trivial – contrastada porém pela eficiência e estratégia em sua execução. Beatriz e Fernanda conseguiram – com um programa amplo de pequenas ações integradas e frequentes -, transformar o clima interno e realmente engajar as pessoas. Ações como: Aniversariantes do Mês; Aniversariantes de Tempo de Casa; eventos de Portas Abertas às famílias dos colaboradores; Almoços para toda a equipe quando as metas de vendas eram alcançadas; Datas de Conscientização; Dia dos Profissionais; Datas Comemorativas (como Dia do Trabalho, da Mães, dos Pais, das Crianças etc); Valorização de Colaboradores; Palestras e Treinamentos; Valorização Desde o Início (que recebe candidatos nos processos seletivos com mimos já na entrevista – independente de sua aprovação ou não) entre outras foram, aos poucos ganhando força e conquistando as pessoas.

Calendário com caricaturas feito pelos colaboradores da Metal Chek. (Imagem: apresentação Metal Chek)

Além disso, é digno de nota o envolvimento nossos colaboradores, que, em todas as datas comemorativas, elaboram o nosso calendário com caricatura de todos da Metal-Chek. Esse trabalho não só adiciona um toque especial aos nossos dias, mas também contribui para alegra“, contou Beatriz ao apresentar o programa.

Como resultado de todo esse trabalho contínuo, a empresa apresentou em 2023 crescimento no faturamento com recordes em vendas e redução significativa do absenteísmo. Segundo Fernanda Moura, as vendas ultrapassaram em 6% a meta estabelecida. Neste mesmo sentido, Beatriz completou afirmando o que para ela é o fator determinante de todo esse sucesso: “É todo mundo. É o engajamento de todo mundo: é o comercial querendo vender mais, é a produção produzindo mais, e tudo isso é muito importante pra nós“. E concluiu: “E outra coisa, aqui é o turnover. No ano passado nós não tivemos nenhum, nada, zero, zero, zero. Ninguém saiu, só entrou. Muito pelo contrário: nosso time cresceu, e não tivemos demissões. Então isso é a comprovação de que realmente dá resultado“.

Palestra especial com Sebastião Perossi

Sebastião Perossi durante palestra no Portas Abertas (Foto: Elaine Lina)

Outro ponto alto do encontro foi a palestra com Sebastião Perossi. Sócio-diretor da SAP – Soluções em Remuneração, Perossi é um dos profissionais mais experientes hoje em temas como cargos e salários  e remuneração. Com MBA em Gestão de Pessoas, Perossi é professor de pós-graduação, além de ser coautor no livro* “A Evolução do Teletrabalho” (*Lacier Editora, 2021).

Perossi apresentou o tema “Caminhos da Remuneração” detalhando os diversos aspectos que baseiam uma gestão salarial mais efetiva e estratégica dentro do RH, contextualizando que no ambiente empresarial as organizações competem por clientes e pela atração e retenção de talentos. E que, neste cenário, a remuneração que contemple salário fixo, variável e benefícios desempenhará um papel essencial. “Eu entendo que essa conexão é fundamental para que se possa trabalhar Gestão de Pessoas dentro de um ambiente organizacional“, afirmou Perossi no início de sua apresentação.

O palestrante demonstrou, dentro da estrutura organizacional, os componentes da remuneração, as ferramentas de apoio, como o Plano de Cargos e Salários, destacando a importância de descrever corretamente cada cargo e – o que ele apontou como ponto central -, saber determinar o peso de cada cargo dentro da estrutura da organização em questão. “Mas todos os cargos não são importantes? Sim, todos são importantes. Mas cada um tem a sua importância relativa“, argumentou Perossi, como ponto relevante para estruturar um plano de carreira dentro da empresa.

Além das ferramentas de apoio e dos critérios para gestão de pessoas em termos de remuneração, Perossi também tratou dos desafios encarados por quem está à frente do RH nas empresas, como questões de ESG, de diversidade, equidade e inclusão (DEI), de conflito de gerações e de employee experience – que seriam as percepções e sentimentos que os profissionais vivenciam nas interações com a empresa.

Por fim, Perossi apresentou aos presentes a proposta de uma nova ferramenta que a SAP está desenvolvendo e que promete facilitar a gestão de remuneração nas empresas. “O produto que nós esperamos proporcionar é uma ferramenta que possa ajudar no processo de gestão da remuneração. E remuneração não é só salário – é salário mas é também benefícios. É preciso entender esse mundo dentro das empresas. A gente pensa em criar uma ferramenta que venha a ajudar as empresas na análise e na avaliação do mercado de uma maneira geral. Esse produto vai cobrir a parte de salários, cargos e também de benefícios, salário fixo e salário variável. O que nós esperamos é gerar uma base de informações que possa servir de parâmetro para as empresas na tomada de decisão“, explicou.

A ferramenta em questão é um projeto original da SAP, mas conta com a colaboração de parceiros – como a AgrupaRH – e também de outras empresas externas à associação. “A ideia é partir das empresas que são associadas à AgrupaRH, ver o nível de adesão dessas empresas e também buscar outras empresas no mercado que tenham um porte, uma estrutura, que possa realmente contribuir com as informações referentes à parte de cargos”, completou .

Perguntamos a Perossi os papeis então da SAP e da grupaRH no desenvolvimento e implementação dessa ferramenta no mercado – como cada uma atuaria. “Na verdade, ela é uma iniciativa da SAP em conjunto com a AgrupaRH. A ideia é ter a associação como parceira nesse projeto, para ajudar na veiculação. Ou seja, a responsabilidade técnica é da SAP. A parceria é com a AgrupaRH, para que a gente possa fortalecer esse produto dentro do mercado. Essa é que é a ideia“, informou.

Sobre o Portas Abertas, Perossi avalia que “esses encontros que a AgrupaRH realiza, eu entendo que são chaves, são muito importantes para o desenvolvimento, para a integração e para a troca de informações nas empresas. E pelo que eu venho percebendo ao longo dos anos, a AgrupaRH continua consistente, sólida e com isso gerando informações. Tem essa premiação que é feita todo o final do ano que eu acho uma coisa fantástica – a gente viu aqui hoje um case muito, muito interessante, porque você consegue entender as realidades regionais e também as realidades das empresas.”

Já em relação à avaliação sobre sua participação nessa edição, Perossi afirmou: “Eu tinha pensado numa palestra, não digo provocativa, mas que chamasse a atenção das pessoas em relação a um ambiente de remuneração. Existem muitos protocolos – e eu vejo isso na minha carreira -, em relação à remuneração e o meu objetivo quando eu tenho essa oportunidade é mudar um pouco esse conceito. Então, eu fui um pouco provocativo em algumas situações, percebi respaldo por parte das pessoas que estavam acompanhando a palestra, as perguntas me mostraram isso, então eu acredito que aquilo que eu pensei, a minha leitura, minha percepção, é que os objetivos foram atingidos.”

Visita guiada às instalações da Escola SENAI de Bragança Paulista

Visita guiada às instalações da Escola Senai de Bragança Paulista (Foto: Elaine Lina)
Lavínia Dellangélica (à esquerda) e Beatriz de Assis (foto: Elaine Lina)

O evento também contou, como é tradicional, com uma vista guiada às instalações – no caso, do Senai, mais especificamente à Escola SENAI. As estudantes Lavínia Lopes Dellangélica, do curso Técnico em Eletroeletrônica, e Beatriz Moreira de Assis, do curso Técnico em Fabricação Mecânica, foram responsáveis por guiar os participantes do evento e apresentar as instalações. Além de apresentar cada ambiente – como salas de aula e oficinas – elas expuseram com propriedade e desenvoltura os recursos técnicos e tecnológicos disponibilizados em cada curso da unidade, fazendo a devida correlação entre a metodologia Senai de ensino e as possibilidades profissionais que se abrem a partir das formações profissionais ali oferecidas.

Thiago Roberto Ferreira é o coordenador-técnico da Escola Senai, responsável pelos cursos de aprendizagem e pela coordenação pedagógica. Eles nos contou que o Senai está aberto para atender as empresas e a comunidade. Segundo ele, qualquer pessoa que desejar visitar o Senai e conhecer suas instalações precisa apenas comparecer à secretaria da escola que será levada a fazer essa visita.

Ferreira disse também que o Senai possui muitos cursos gratuitos e que a maioria dos alunos são empregados por empresas. “Então, se um pai ou uma mãe quiser trazer o filho para conhecer o Senai, para ser nosso aluno, é só vir aqui nos procurar. A gente passa as informações dos processos seletivos e sempre procura fazer uma ponte entre os alunos e as empresas, porque o nosso objetivo é que os alunos recebam formação profissional e sejam contratados pelas indústrias“, completou.

Da esquerda para a direita: Thiago Roberto Ferreira (Senai); Denis Maia Bastos (Senai); Gabriela Leite (AgrupaRH) e Sebastião Perossi (SAP). (foto: Elaine Lina)

Com mais uma edição do Portas Abertas realizada e passados alguns dias, fomos ouvir a presidente da AgrupaRH, Gabriela Leite, sobre a percepção de quem participou deste dia 17 de abril. “Nossos feedbacks estão sendo super, super positivos – o pessoal adorou! O case, o Sebastião, o Senai. Tudo colaborou para que tivéssemos mais uma experiência de valor e agora fica a responsabilidade dobrada para as próximas edições“, finalizou.

Imagem do coffee break do evento (foto: Elaine Lina)
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