Nos últimos anos, a Geração Z tem se destacado não apenas por suas habilidades digitais e criatividade, mas também por um comportamento peculiar no mercado de trabalho. Diferente de qualquer outra geração, os jovens de hoje transformam tendências de carreira e trabalho em virais do TikTok, gerando impactos que vão muito além da esfera individual. O problema? A forma como as quais essas novas “revoluções” são propagadas e a falta de comprometimento com as consequências dessas mudanças.
Plataformas como TikTok e Instagram deram voz a um movimento que desafia conceitos tradicionais de trabalho. Termos como “quiet quitting” (desistir do trabalho sem pedir demissão formalmente), “rage applying” (enviar currículos massivamente após uma frustração no trabalho), “bare minimum Mondays” (trabalhar o mínimo possível às segundas-feiras) e, mais recentemente, as “férias silenciosas” criam um novo paradigma no mercado. Mas o que começa como um movimento de “empoderamento” muitas vezes resulta em um efeito cascata prejudicial, afetando produtividade, confiança entre empregadores e empregados e até mesmo a percepção sobre o comprometimento dessa geração.
O Impacto Negativo no Mercado
Os dados não mentem: o comportamento instável no trabalho e as expectativas distorcidas estão gerando desafios reais para empresas e setores inteiros.
- Aumento na Rotatividade: Um estudo da McKinsey revelou que a Geração Z troca de emprego com uma frequência 75% maior do que os Millennials faziam na mesma idade. Isso significa custos mais altos para empresas com recrutamento e treinamento contínuo.
- Produtividade em Queda: O fenômeno do “bare minimum” e das “férias silenciosas” está afetando a eficiência. Um relatório da Gallup indicou que apenas 31% da Geração Z se considera engajada no trabalho, um dos menores índices históricos.
- Expectativas Salariais Desconectadas: Um levantamento recente mostrou que jovens profissionais esperam ganhar até seis vezes mais do que o salário médio oferecido para suas funções iniciais, o que dificulta contratações e gera frustrações mútuas.
Enquanto alguns argumentam que essa postura desafia padrões antiquados e obriga empresas a se adaptarem, a realidade é que muitas dessas mudanças são impulsionadas pela “viralização” e não por um planejamento estruturado. Quando um desafio de TikTok influencia milhares de jovens a “fingirem que estão trabalhando para tirar folgas”, o que isso diz sobre a seriedade da relação dessa geração com o emprego?
Essa postura tem aos poucos acabado com a paciência e tolerância do mercado de gestores e RHs que cansados das desistências de trabalho, falta de comprometimento e o discurso programado de: “quero ser feliz” ou “onde está minha promoção?” se vê motivado a mover o olhar das contratações para os 45+ e 50+ mercado este que está em franco crescimento desde 2023 e promete fazer números maiores que 2024 neste ano de 2025 e 2026.
Essas ideias promovem uma mentalidade de mínimo esforço e máxima recompensa, algo que vai contra qualquer lógica de crescimento profissional. O impacto desse comportamento é duplo: por um lado, empresas enfrentam dificuldades para manter funcionários engajados, e por outro, os próprios jovens encontram menos oportunidades e enfrentam frustrações cada vez maiores com o mercado.
Como se não bastasse, um novo movimento chega ao mercado de trabalho para as gerações Z. As chamadas: Férias silenciosas.
O Impacto das Tendências da Geração Z no Mercado de Trabalho: Anomalias, Falta de Comprometimento e o Fenômeno das “Férias Silenciosas”
A Geração Z, conhecida por sua afinidade com as tendências virais das redes sociais, introduziu mais uma prática questionável no ambiente de trabalho: as chamadas “férias silenciosas”. Nesse comportamento, funcionários se ausentam sem notificar seus superiores, mantendo a aparência de estarem ativos remotamente. Uma pesquisa realizada pela plataforma PapersOwl revelou que 51% dos jovens entrevistados admitiram ter deixado de trabalhar até três vezes no último ano sem informar seus gestores, enquanto 12% confessaram ter fingido estar trabalhando com ainda mais frequência.
As justificativas para tal comportamento variam, mas frequentemente incluem alegações de estresse, burnout ou dificuldades em obter licenças remuneradas. No entanto, é difícil não questionar a seriedade desses argumentos quando se observa que 95% dos participantes da pesquisa consideram aceitáveis essas “trapaças” no ambiente profissional. Essa mentalidade sugere uma desconexão preocupante entre as responsabilidades profissionais e as expectativas pessoais dessa geração.
Além disso, a tendência de “férias silenciosas” não se limita à Geração Z. Um estudo da Harris Poll apontou que 37% dos millennials nos EUA já tiraram folga sem informar seus supervisores, e quase 40% admitiram manipular atividades online para parecerem produtivos. Esse comportamento levanta dúvidas sobre a ética profissional e o compromisso dessas gerações com suas carreiras.
Enquanto a busca por equilíbrio entre vida pessoal e profissional é legítima, recorrer a subterfúgios como as “férias silenciosas” demonstra uma falta de maturidade e comprometimento. Em vez de promover um diálogo aberto com empregadores para melhorar condições de trabalho, essa abordagem pode minar a confiança no ambiente corporativo e prejudicar a reputação profissional dos envolvidos.
Mas e aí? A Grande Reflexão é: Até Onde Isso Vai?
Se olharmos para o histórico recente de tendências promovidas por essa geração, percebemos um padrão: uma rejeição generalizada ao modelo tradicional de trabalho, sem uma proposta concreta para substituí-lo. Querem mais flexibilidade, mas sem abrir mão de salários altos. Buscam propósito, mas abandonam empregos com poucos meses caso não sintam “conexão”. Exigem respeito, mas implementam práticas que prejudicam a confiabilidade profissional.
Os setores de Recursos Humanos estão cada vez mais frustrados. Um levantamento da Forbes indicou que 67% dos profissionais de RH acreditam que a Geração Z tem as piores habilidades interpessoais e de compromisso profissional em comparação com qualquer outra geração anterior. Muitos recrutadores já evitam contratar jovens profissionais devido a esses desafios, o que pode criar um efeito prejudicial no longo prazo para essa mesma geração.
A Geração Z tem o poder de transformar o ambiente de trabalho, mas está desperdiçando essa oportunidade ao priorizar tendências momentâneas em vez de estruturar mudanças sustentáveis. Se continuar nessa trajetória, pode se tornar a geração menos empregável da história. As empresas, por sua vez, estão cada vez mais inclinadas a endurecer políticas e contratar profissionais que demonstrem maior estabilidade e compromisso.
O que essa geração deseja para o futuro? Se a resposta continuar sendo “mais flexibilidade, menos trabalho e mais dinheiro”, talvez seja a hora de uma reflexão mais profunda sobre o que significa realmente construir uma carreira.
Minha opinião? Bom….ao invés de criar um novo olhar e sugerir novas mudanças sustentáveis no mercado, a Geração Z tem se tornado sinônimo de instabilidade e falta de comprometimento. O futuro do trabalho pode, sim, ser mais flexível, mais humano e mais equilibrado, mas isso exige diálogo, responsabilidade e um planejamento que vá além de modismos do TikTok.
Se essa geração não encontrar um ponto de equilíbrio entre suas demandas e as realidades do mercado, o resultado será claro: um mercado cada vez mais resistente a contratar jovens e um ciclo de frustração infinito para os “Z”.

Executivo de RH e Coach Executivo de diretores, VP’s e CEO’s de empresas nacionais e multinacionais, atendendo clientes em 13 países. Foi executivo de RH de uma das maiores empresas de bens de consumo do país, já desenvolveu mais de 38.000 profissionais ao longo dos seus 24 anos de carreira. Formado em Relações Públicas pela PUCCAMP, pós-graduado em Consultoria de Carreira pela FIA/USP e com 5 certificações internacionais em PNL e Coaching Integrado. Marcos é referência em Carreira e Gestão em veículos como: Valor Econômico, InfoMoney, G1, Yahoo Finance, Globo/EPTV, SBT, Você S/A, TV Bandeirantes, Nova Brasil FM, Carreira & Negócios entre outras, tendo mais de 120 matérias publicadas.