Hoje me peguei pensando muito sobre as mudanças que a forma de se comunicar vem sofrendo nos últimos anos – sobretudo nas comunicações corporativas, nos e-mails, nas peças publicitárias e, claro, nos meios digitais. Parece que a velocidade imposta pela comunicação nas redes sociais, por assim dizer, tem se estendido a toda e qualquer outra forma de comunicação, inclusive (ou seria ‘sobretudo’?) à corporativa, e que fazer qualquer coisa diferente disso é errado ou, no mínimo, ultrapassado.
É tudo rápido, direto, abreviado, sem vírgula nem ponto final. As conversas nunca se encerram no whatsapp, então, por que dizer ‘bom dia’, ‘até logo’? Vai-se direto ao assunto como se a pessoa nunca tivesse saído do seu lado. E isso pode trazer um grande prejuízo para o entendimento da mensagem pela falta de algo tão importante e cada vez mais negligenciado: o contexto. É ele que muitas vezes evita os equívocos e divergências na comunicação e que aproxima as pessoas.
Outro dia eu ouvia um podcast e um antropólogo falava sobre a importância histórica da comunicação para o desenvolvimento da criatividade e da inteligência humanas. E lembrou que a comunicação escrita teve um papel crucial para que fosse possível categorizar informações – ou seja, se não houvesse a escrita seria impossível fazer listas. Eu nunca havia parado para pensar nisso. Você faz listas de tarefas, de compras, de metas? Pois então – se você faz, é graças à escrita. A escrita fez a comunicação evoluir e a boa comunicação também nos faz evoluir como humanidade.
E comunicar-se bem – interpretando, contextualizando e transmitindo corretamente as informações – sempre foi fundamental para empresas e marcas que pretendem estabelecer relacionamentos positivos com seus diversos públicos de interesse. E por serem diversos, esses públicos demandam formas diferentes de comunicação. A área de relações públicas trabalha muito com o conceito de adequação do discurso, justamente para alcançar uma comunicação mais assertiva com cada público dentro das empresas.
Mas claro, sejamos razoáveis – sabemos que redes sociais e plataformas digitais exigem mensagens rápidas e objetivas para captar a atenção imediata. Não há tempo a perder quando uma infinidade de mensagens está ininterruptamente invadindo as telas do seu público-alvo. Afinal, em um mundo onde a velocidade da informação é vital, a objetividade se tornou uma moeda valiosa.
Por outro lado, existe um valor inestimável na arte de entender e conectar-se profundamente com cada público, principalmente quando a tarefa é construir e sustentar uma imagem positiva. Essa é a essência da comunicação personalizada e a chave para relações significativas e duradouras.
Então, como equilibrar a necessidade dessa comunicação frenética dos tempos atuais à velha e boa comunicação de qualidade para ser relevante?
Uma pista pode estar no impacto de um tweet afiado ou de um post sucinto no Instagram que consegue capturar a essência de uma campanha inteira em poucas palavras. Esse estilo de comunicação aborda o imediatismo e alimenta a atenção do consumidor de forma prática e direta. No entanto, a personalização e a adequação da linguagem não devem ser sacrificadas em nome da velocidade. Entender seu público é um diferencial competitivo inegável: saber do que ele gosta, como pensa e parar para ouvi-lo é crucial para o sucesso de qualquer investida de comunicação.
A habilidade de adequar o discurso e a linguagem para públicos diferentes segue sendo fundamental para a construção de uma imagem positiva. Compreender quem é seu público, quais são seus valores e suas necessidades tornam possível não apenas a promoção de produtos, mas a construção de mensagens que ressoam profundamente com ele. Ferramentas de análise de dados oferecem insights sobre o comportamento do consumidor, mas nada substitui o interesse genuíno e a empatia na comunicação.
Assim, antes de mais nada, saiba com quem você está falando, descubra como e por onde cada público prefere se comunicar. Mapeie. Técnicas de segmentação podem ajudar você a entregar mensagens mais relevantes e personalizadas. E adaptar a mensagem certa para a pessoa certa no momento ideal pode proporcionar não só o alcance desejado, mas também uma conexão autêntica. Pense em marcas que, ao invés de disparar emails em massa com ofertas genéricas, escolhem a dedo mensagens que falam individualmente à necessidade de cada consumidor. No fim do dia o impacto é muito maior.
Um bom exemplo de personalização está nas práticas de storytelling: boas histórias não só cativam, mas nutrem o relacionamento com o público. Relacionamentos autênticos são construídos em histórias reais que refletem os valores da empresa e a experiência do cliente com ela.
Então, busque também equipar-se de estratégias práticas, como segmentação e o uso estratégico de canais diversos – e eu falo aqui de e-mails (antes que pergunte: sim, ainda tem que leia email), mensagens diretas e o ainda famoso boca a boca. Nunca esquecendo de posicionar de forma coerente suas interações para manter consistência e autenticidade.
E, por fim, fica uma dica: quanto mais as relações forem se tornando digitais e pasteurizadas, mais o aspecto humano na comunicação fará diferença para quem recebe a sua mensagem.

Profissional de Relações Públicas pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação organizacional pela ECA-USP, é também jornalista, empresária, palestrante e consultora de empresas com mais de 20 anos de experiência em comunicação interna e relacionamento com a imprensa. Professora universitária por 16 anos nos cursos de Comunicação, Marketing, Administração e Recursos Humanos nas instituições UniFaat, Fecap, Uniso e PUCCampinas.
Ah…se não fosse pela escrita, não teria tido tantas conquistas até hoje e a maior delas, é a de ser coautora de um lindo livro onde poderei mostrar para as pessoas um pouquinho da trajetória da minha vida.
Que maravilha, Kelly! É isso mesmo! A escrita proporciona essas conquistas especiais. Parabéns pelo livro e obrigada por nos acompanhar!